Com a cara no chão da arena

Imagem: Annie Spratt/ Unsplash

   Sabe quando sua consciência está limpa, mas seu coração e, logo, sua mente, não? Quando você pensa que tudo vai dar certo, mas a vida tá aí para te bater e provar que "não é bem assim"? Então, nesse post, quero fazer um pequeno desabafo, mas sem a intenção de direcionar a alguém ou ofender terceiros- neste caso, não tem ninguém responsável pelo meu déficit emocional temporário, ao não ser eu mesma. 

   Esses dias, tenho aprendido a lidar com perdas- apesar de estar lutando, fazendo meu melhor para fazer o próximo mais feliz (ou não). Eu amo ver as pessoas felizes e isso me anima muito, assim como a tristeza, ou frustração, delas me contamina bastante, também. A todos nós, não é mesmo? Mas tô aqui para falar do que eu, Mariana, sinto- daí você vê se se identifica ou não, se está se importando ou não (afinal, cada com seus problemas, não?). 

  Desculpe se soa rude a maneira que estou falando, mas estou tentando não me importar com isso. Não sou a única a ter problemas no mundo, mas não vou usar o problema "pior" de outra(s) pessoa(s) para me conformar com os meus- não quero me confortar no problema dos outros, nem me sentir pior do que eles. Quero enfrentar tudo isso.

  Primeiro que, lidar com o luto depois da partida de alguém querido (ou de alguém querido de alguém próximo) não é fácil. Como dói. Quando eu sinto que não vou aguentar, choro mesmo, falo com quem tiver perto, que tenha me permitido esse espaço. A pessoa se vai, a saudade fica- e machuca muito- e a gente até tenta se confortar nas boas lembranças. Mas é tudo um processo.

  Assim como lidar com o desprezo de alguém que você gosta muito, que você procura, mas a pessoa parece estar cagando e andando para você- até pedindo para que você nunca mais a procure, pois, mesmo que você tenha tentado seu melhor para ajudá-la a sair de um poço sem fundo, ela não quis e tenta te culpar pela merda que outras pessoas, tóxicas pra c******, tenham feito a ela. Nesse bem bolado, até "ameacinha" velada eu ouvi. A frustração te despreza.

  É muita informação para qualquer pessoa processar. Eu me sinto deslocada, muitas vezes, no meio das pessoas- até mesmo vergonha de dizer um "oi" para outras- levando estas a pensar que sou esnobe, ou que estou esnobe por ter acabado de me formar na faculdade- ou por qualquer outro motivo que seja. Queria não ligar para nada de que pensem de mim, queria poder dizer que não ligo- um dia chego lá. Fora isso, vêm pessoas tóxicas dizer que você tem tudo na mão, que o que você faz não é nada- muita pressão- e que você não deve reclamar de nada. Amores, eu vou atrás das coisas que quero conquistar, não é mamãe e papai que banca, não- e se fosse, não haveria problema, também. 

  Daí vêm os "antídotos" ou "pílulas mágicas" de saber emocional que algumas pessoas, que não sabem nada da sua vida, dão a você (ou até eu mesma tenha tentado ingerir por conta própria): "Ah, fica em paz. Faz parte da vida" ou "Ah, amigo é para essas coisas, mesmo. Talvez você esteja sendo egoísta". Primeiramente: não sei ter sangue de barata ou ligar o f***-se de primeira para pessoas que gosto muito ou que gostei muito, lá atrás. Segundo: Egoísta por quê? Por pensar que tem gente que se aproveita do emocional e da boa vontade alheia?

  Eu tento ser uma boa amiga, não sou perfeita. Quando algum amigo ou amiga minha tá com problema, vou atrás perguntar, ouvir o que a pessoa sente. E isso é libertador, tanto para a pessoa, quanto pra mim- por saber que posso ajudar a pessoa a se sentir um pouquinho melhor. Também tenho amigos e amigas que me ligam ou querem realmente me dar suporte quando preciso. Sou grata a cada um. De verdade, eu valorizo vocês. 

  O que quero dizer com tudo isso é que há gente que só lembra de nós se lembramos delas, primeiro. Que só te perguntam se está bem se você for atrás pra saber como está. A gente até tenta ser compreensivo e tal, mas tolerância com as atitudes ruins do outro tem limite. Há dias que a pessoa só quer o espeçao dela- daí não tá legal para falar com ninguém. Beleza! Mas tem pessoas, com quem nos preocupamos que descontam o problema dela em você de diversas formas, chega a ser abusivo. Que para de olhar na sua cara, sem que você tenha feito algo, necessariamente falando. Talvez porque não precisa mais de você ou porque não tenha sido conveniente manter você por perto.

  Se fosse a situação reversa, seria como já disse: A pessoa vai falar que você está esnobe e tudo mais. Que você tá bem de vida e esqueceu "duzamigo" ou que está arrogante, sem que você tenha feito nada a ela. Ou que você também tem problemas, mas ninguém pensou nisso porquê f***-se. Porque nem todo mundo liga- pelo menos, nem todo mundo que diz ser seu amigo e que, em algum momento, você acreditou, E ainda acredita, mas está magoado. Com a cara no chão da arena, como diria Brené Brown em "Mais forte do que nunca".  

  Sempre que algo assim acontece- alguma perda, qualquer perda- eu tento focar em algo que gosto de fazer para diminuir a ansiedade, o estresse. A dor é só no choro, mesmo- não vejo outra forma de lidar, pra mim. Daí, limpei meu quarto, rasguei todos os cadernos do ensino fundamental, do médio, materiais da faculdade que não irei usar mais... fiz uma limpa gigante- além de ter doado livros, pra tentar contribuir com o aprendizado de outra pessoa. Me senti bem, ainda que não fossem grandes atitudes. 

  Me desculpem, mais uma vez, a rispidez do que eu disse. Todo mundo passa por isso, tentem me entender- tô tentando não esnobar ninguém :p. Às vezes, a gente dá espaço demais para coisas tóxicas e isso é inevitável- a menos que você seja um Daniel Goleman da vida e saiba tudo sobre inteligência emocional, inclusive na prática. Eu conversei muito com minha mãe, hoje de manhã, sobre isso. Não chegamos a nenhuma conclusão, mas dá para tentar mudar nossa percepção das coisas, enquanto houver opção e seu emocional tenha chance de se equilibrar.

  Gente, desabafar não é mimimi, não mesmo. É pior quando se guarda tudo pra si e desenvolve alguma condição ou problema que lhe dê pouca chance de sair (como uma depressão, por exemplo). Já fiz desabafos aqui, antes- mas eu procuro não fazer com frequência, para não focar o blog em meus problemas pessoais. Então, se você estiver passando por algum problema, desabafa com alguém, escreve, põe pra fora de alguma forma. 

  Só põe pra fora. Tudo bem que, quando a gente tem muita intimidade com alguém, a gente "desconta sem querer", mas tome cuidado para isso não virar um hábito. Enfim, ainda que a intimidade "permita" essas falhas, a outra pessoa não tem culpa dos nossos problemas. Então, quando for ouvido, agradeça; quando errar, peça desculpas. Só isso. Prometo fazer posts sobre coisas boas, em breve (tem bastante coisa legal, que estou preparando). Obrigada por me "ouvir" ♥.