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[RESENHA] Jane Austen (Parte 1)- Razão E Sensibilidade

Olá, perdidos! Como havia dito em um post anterior, eu apresentei o livro de Jane Austen que compila 3 de suas mais famosas novelas. Neste post, irei apresentar uma resenha sobre a primeira delas: Razão e Sensibilidade. Jane tem uma escrita que nos transporta para seu enredo, uma escrita deliciosa que nos traz para dentro dos personagens. Espero que gostem!
(Foto: Reprodução/ Razão e Sensibilidade- Folha de rosto da história)
Na propriedade de Norland, em Sussex, havia um homem de idade avançada e solteiro, dono das terras. Ele vivia com a companhia da irmã que, falecera dez anos antes dele. Para preencher a perda, ele chama seu herdeiro legal e sobrinho, Henry Dashwood e sua esposa e filhos (John, Elinor, Marianne e Margaret). Os dias do senhor fidalgo "passaram confortavelmente", segundo a narrativa.
O sr. Dashwood tivera um único filho, em seu primeiro casamento, e depois, com sra. Dashwood, mais três filhas. A fortuna que a falecida mãe de John Dashwood lhe deixou era garantida. Para as meninas, a sra. Dashwood (a segunda esposa do sr. Henry Dashwood) nada tinha e o pai, apenas 7 mil libras por ano*.
O velho proprietário faleceu e o testamento fora feito pensando no filho de John, Harry de 4 aninhos. Para as srtas. Dashwood, em questão de afeto, foram deixadas (mil libras anuais?!) para cada uma. Em menos de doze meses, Henry Dashwood parte daqui para uma melhor, deixando sua esposa e filhos. A casa fora deixada de herança para seu único filho homem, o John- por questões simbólicas da época, a preferência era pelo primogênito. A promessa que seu pai lhe pediu que cumprisse fora nunca deixar sua madrasta e irmãs desamparadas. Não foi o que aconteceu, pelo menos não de forma "não mesquinha". Da parte de John, a promessa seria cumprida sem extravios- o problema era sua índole "meio egoísta" com a ausência de gentileza de Fanny, sua mulher- o dinheiro tem poder de cegar as pessoas se estas tiverem mentes fracas.
John era de boa índole, porém muito frio e egocêntrico e sua esposa, pior ainda. Ele, por outro lado, tentou aumentar a riqueza das irmãs, mas era ingenuo demais por ter se deixado dissuadir pelo gênio de sua adorada Fanny "John" Dashwood.  O corpo de Henry Dashwood mal teve tempo de esfriar e a esposa de seu filho já se estabeleceu na propriedade que fora deixada a seu marido.
A sra. Henry Dashwood achou tal feitio uma tremenda grosseria e estava disposta a mostrar toda sua indignação a querida nora e, devido sua impaciência de espírito, fora a conselhada por Elinor, sua filha mais velha. Elinor tem um coração muito bondoso, bom caráter e é sensível, mas do tipo que sabe controlar as emoções com muita sabedoria, impressionando por ser mais "contida" do que sua mãe, tendo a generosa idade de apenas 19 anos.
Já Marianne, a irmã do meio, tem as mesmas qualificações de sua irmã citada exceto a prudência e, assim como a mãe, se deixa levar e agir pelos impulsos. Margaret é a caçula, tem 13 anos, e é quase a mesma coisa de Marianne, porém, o livro aponta que esta garota não terá tanta inteligência ou não será tão esperta quanto suas irmãs quando alcançar a idade das mesmas.
Sendo, então, estabelecida a sra. John Dashwood como proprietária de Norland, a sogra e as cunhadas foram passadas a serem consideradas meras visitantes, sendo dispensadas. O sr. e a sra. John Dashwood ainda tinham a cara de pau de forçar gentileza e polidez ao se tratar de suas parentes quando suas máscaras estavam prestes a cair e dando transparência a seus espíritos de porcos gananciosos. Pode isso?!
Fanny detestava a idéia de seu marido ter de retirar 3 mil libras para as suas irmãs, deixando o pobrezinho do Harry empobrecer radicalmente ao fim dos descontos em sua herança. Na cabeça dela, vínculo de madrasta e meias-irmãs não contam em nada, então, para que essa bondade com elas? Por que saldos tão generosos? Ela tentava, a todo custo, convencer John de que menos de 500 libras seria mais do que o suficiente para lhes trazer uma vida confortável morando longe deles. Não, melhor, 50, até 100 libras no máximo já estavam de bom senso.
As srtas. Dashwood estavam a procura de uma casa e o irmão, com toda generosidade, apoiando- típico de quem não vê a hora de se livrar da madrasta e das irmãs, cortando, por fim, relações e usando a distância com desculpa. Tempos depois, chega uma carta à sra. Dashwood com um proposta de um chalé bem confortável em Devonshire. A residência era oferecida por um velho e conhecido cavalheiro, seu primo Sir John- descrito como um homem alegre que tem uma esposa, a Lady Middleton, bonita e graciosa, mas não tão aberta quanto ele. Sir John adora dar festas para receber amigos, família e sua vizinhança pois isso mantém seu espítiro sempre jovem e sagaz.
Nesse meio tempo, Elinor vai se "amigando" com Edward, irmão de Fanny 'John' Dashwood. Ele era um garoto quieto, tímido, não tão bonito nem tinha modos tão classudos, mas era do bem, sabe. Isso a atraiu, aos poucos, e, de forma trocada, cativou a ele também. Não era muito de conversar e nem tinha grandes ambições para sua vida- o que deixava a desejar para a sra. Dashwood e a Marianne, se preocupando se ele seria um bom partido para Elinor.  
Chega a época de elas partirem para seu novo lar em Devonshire. A despedida entre Elinor e Edward é discreta e este, que depois de ter ganhado o carinho da sra. Dashwood, é convidado a ir a seu chalé e fazer lhes visitas porque será muito bem recebido- o que deixa Fanny colérica.
As Dashwood partem para seu novo lar e, de cara, já simpatizam muito com a estrutura da casa e com a localização- a despedida de Norland doeu, mas se é para viver num lar sem paz, é melhor se mudar. Lá estas são recebidas por seus criados e já se instalam. No dia seguinte, sir John vai com Lady Middleton fazer-lhes uma visita e convidar suas primas para irem a uma festa que ele daria em Barton Park. Na festa, um velho amigo de sir John, o Coronel Brandon, se apaixona por Marianne- que fica intrigada por ele ser velho demais e sério demais para ela. Bom, a questão da idade é bastante intrigante para ela que tinha 17 anos e ele, 35. Ela o recusa de todos os jeitos.
Em certo dia, Marianne se vê encantada e curiosa pela região após vizualizar uma residência muito parecida com Norland e isso a deixa nostálgica. Ela convida Margaret para acompanhá-la até esta casa e caminhar pelas colinas do vale Barton. Durante o caminho, o céu vai escurecendo- sinalizando uma tempestade- e, com a teimosia de Marianne, ainda assim, continuam sua caminhada.
Começa a chover e as duas saem em disparada pela colina rumo ao chalé. Marianne pisa em falso e cai, torcendo o tornozelo e Margaret, sem olhar para trás, deixa a irmã e chega em casa a salvo. Um cavalheiro armado está passando pela região e vê a jovem caída. Ele corre em direção a mesma e a ela até sua casa, onde sua irmã havia deixado o portão aberto. Ele ficou cuidando da mesma e quando teve certeza de que ela ficaria bem, se disse de partida. A sra. Dashwood gostou muito do cavalheiro e da forma com que cuidou de sua filha e perguntou-lhes seu nome. Este era Willoughby (cof cof quebrador profissa de corações)  e ele gostaria muito que lhes fosse concedida a honra de poder retornar no dia seguinte para saber se a senhorita se recuperaria da queda.
Nossa, agora já sabemos mais ou menos qual será o rumo da cena: O perfeito cavalheiro, de contos de fadas, super másculo e charmoso, forte e todos os outros adjetivos encantadores que poderíamos lhe acobertar, toma conta da grande terra (vulgo: coração) de nossa nobre e doce dama em perigo, Marianne. Ela esqueceu até a dor da queda que sofreu. A bela e nostálgica casa que o livro se referia era a residência dele, Allenham, que ficava a poucas milhas de Barton.
No ínicio do livro, antes do título, tem uma figura muito bonita, um desenho que supostamente seriam Marianne e Willoughby, que está cortando um cacho de seu cabelo para guardar consigo:
(Foto: Reprodução/ Razão e Sensibilidade- Folha de rosto da história)
Marianne mergulhou de cabeça nesse amor, afinal, ela tinha achado o cara perfeito: que aprecia arte, sensível e que tinha tudo em comum com ele- mal ela sabia que ele era do tipo que veste uma máscara por cima da canalhice. O amor a fez ferver, pegar fogo e depois consumiu seu coração transformando-o em cinzas, resumidamente. Ela teve febre, literalmente. Willoughby era do tipo que brincava e, em cada canto, partia um coração. Tudo para se garantir, casando com uma dama rica, que abastecesse bem sua conta- sem que precisasse trabalhar- e ainda sim ser reconhecido pela sociedade, por ter seguido um protocolo social, tendo sua dama e seus méritos, fachada perfeita e ainda saindo ileso nessas relações.
Todos nós temos sensibilidade e esta exalava de Marianne. Ela fez várias coisas apenas por não suportar a partida de seu amor, ela não entendeu o que se passava para ele sumir de repente e passar a evitá-la- sendo, então, acometida por uma culpa que não era para ser dela. Por outro lado, Elinor sofria calada e contida com a distância de seu (amor) amigo, o Edward Ferrars. Ele teve de ir embora para Londres, para se tornar um homem de negócios e se casar, arranjado, com uma dama que possuia méritos sociais, a srta. Lucy Steele. O amor que Elinor sentia só crescia, mas ela tentava se desvencilhar dele, livrando-se de qualquer possibilidade de paixão. Era um amor genuíno que crescia cada vez mais- e que crescia em Edward, também.
O amor é muito complexo para definirmos uma regra ou uma personalidade adequada para vivê-lo, ele vem e se impregna em você com o vírus da paixão e só se torna amor genuíno com o tempo passando, com a visão empírica de quem sabe o que quer. O grande male de uma relação é quando nos deixamos levar apenas pela paixão e deixar esta se misturar com o significado do amor puro. A paixão não é capaz de sustentar nada por si só se não existir amor, carinho, amizade e capacidade de ambos se aceitarem como amigos, se respeitarem. Mas ainda sim é complexo, porque é algo que deve estar em equilíbrio- e isso depende dos dois. O amor é uma escolha, é um 'querer estar ali com o outro', que te dá a certeza de ter alguém aquecendo seu coração; tem de ser recíproco e não algo que vai partir o outro e torná-lo vazio. É o que o enredo tenta nos mostrar: Nossa razão e nossa sensibilidade devem existir e estar em equilíbrio. O amor não é perfeito.
Em Razão e Sensibilidade não essa de "amor a primeira vista" ou "felizes para sempre" ou "amor premeditado, dado pelo destino e nanana". Você viaja nessa longa e deliciosa história como se estivesse dentro do livro, vagando pela Europa não como um mero turista, mas como se tivesse nascido naquele meio, com as famílias que vivam aristocraticamente- onde o casamento só seria satisfatório de houvesse soma de riquezas acima de tudo, interesses que favorecessem ambos os lados trazendo tantos casamentos arranjados.
Nesse caldeirão de personalidades a gente vê o quão é bonita a união das irmãs e protagonistas Elinor e Marianne (ou a Razão e a Sensibilidade a que se denomina a história). É um contraste maravilhoso do qual podemos tirar muito aprendizado- ou se deixar levar pelas vivências de ambas. Elas se "completam" e não há como negar. Elinor equilibrada e Marianne, intensa- nem por isso elas se odeiam ou se desrespeitam. É interessante notar o desenrolar da história, as situações conflitivas, e, não como em qualquer história, mas observar essas personalidades fortes atuarem, ver não só o enredo te levar, mas as atitudes de cada um e nos pontos de vista das protagonistas. Na vivência delas, mas seja com qual você se identificar mais, o livro vai ter um peso diferente- você vai se por na pele desta e, tenho certeza, que nem você, caro leitor, conseguirá permanecer estável quanto a 'escolha' de personagem (uma hora se sentirá como uma e outra como a outra). Chega um momento em que você, só de ler o parágrafo, sabe quem está pensando- Elinor ou Marianne- sem ter os nomes citados. A calma de espírito que agoniza ou a intensidade de sentimentos que sufoca, se assemelhando a "drama" desnecessário. Como esta história acaba? Só saberá se ler.
Ah, e sir John, palavra de honra, certamente, não é um dos dotes do Mr. Willoughby.

Até a próxima, pessoal. Espero que gostem, deixem seus comentários aqui embaixo sobre o livro (se leu, se gostou ou se quer ler...). Um grande beijo e obrigado por acompanhar e chegar até aqui.



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